Em meio a tantas variantes da COVID-19, será que o mundo necessita de uma vacina universal? SIMMMM... E os laboratórios estão estudando todas as possibilidades!
As variantes são de diversas localidades do mundo: a sul-africana, a "Kent" do Reino Unido e tem também a que surgiu no Brasil. Podem até ser apelidadas, mas como a maioria dos rastreadores de vírus sabe, são abreviações comuns para as novas cepas do SARS-CoV-2, o coronavírus por trás da pandemia global.
Mais transmissíveis e, no caso do Reino Unido, aparentemente mais letais, as novas variações forçaram governos ao redor do mundo a impor restrições de viagem mais duras e, em alguns casos, novos bloqueios.
As variantes da COVID-19 também representam um problema para a primeira safra de vacinas. Isso porque quase todas aprovadas até agora têm como alvo a proteína de pico do coronavírus. Mutações nesta proteína podem reduzir a eficácia das vacinas, potencialmente até anulando qualquer imunidade.
Por hora, a solução que os fabricantes de vacinas e os governos propuseram é começar a preparar versões atualizadas das vacinas existentes que farão com que o sistema imunológico produza anticorpos para a proteína modificada encontrada nas novas variantes.
Mas se o vírus continuar a sofrer mutações, o mundo pode descobrir que ele está preso em um jogo perpétuo de gato e rato: sempre tentando alcançar as últimas cepas do vírus, com uma grande parte do mundo exigindo um reforço anual vacinação. Isso é essencialmente o que acontece com o vírus da gripe agora.
E, como com o vírus da gripe, há um risco constante de que os pesquisadores julguem mal e não consigam identificar uma variante emergente e de rápida disseminação que mais uma vez colocará muitas pessoas em risco de hospitalização ou morte.
Por quê as variantes são tão preocupantes
Enquanto a cepa "Kent" do Reino Unido, que é formalmente designada como B.1.1.7, incorpora mudanças que facilitam a disseminação e podem torná-la mais mortal, a proteína do pico não é significativamente alterada e as vacinas aprovadas funcionam bem contra ele.
Mas as mutações associadas às variantes sul-africanas e brasileiras do vírus, formalmente chamadas de B.1.351 e B.1.248, respectivamente, tornaram as vacinas existentes menos eficazes.
A maioria das vacinas COVID que foram aprovadas para uso até agora foram criadas com técnicas relativamente novas: RNA mensageiro (mRNA) ou vetor de adenovírus modificado. Em ambos os casos, a ideia é instruir as células humanas a produzir uma das proteínas do coronavírus para que ela indique uma resposta imunológica.
O corpo então produz anticorpos que podem se ligar a essa proteína e desativá-la. Espera-se também que outras partes do sistema imunológico - como as células T, que podem matar as células infectadas - também aprendam a reconhecer a proteína como um sinal de um invasor estrangeiro e a matar essas células.
Essas tecnologias têm algumas grandes vantagens sobre os métodos tradicionais de fabricação de vacinas: têm excelentes perfis de segurança, de modo que os pesquisadores que trabalharam nas vacinas estavam razoavelmente seguros de que não causariam efeitos colaterais graves - algo que foi comprovado em testes clínicos subsequentes em humanos.
A outra coisa boa sobre eles é que podem ser adaptados a um novo vírus muito rapidamente, desde que o mesmo tenha seu genoma sequenciado e haja uma proteína óbvia para atingir, como foi o caso do SARS-CoV-2. A única razão de termos múltiplas vacinas em milhões de pessoas hoje, menos de um ano depois que a Organização Mundial da Saúde (OMC) declarou uma pandemia, é em grande parte por causa desses métodos mais novos para a criação de vacinas.
O problema da proteína única
Uma desvantagem da maneira como essas técnicas têm sido usadas para combater a SARS-CoV-2 até agora é que elas apenas instruem as células a produzir uma única proteína viral. Como resultado, eles sempre serão vulneráveis a mutações nessa proteína específica.
O SARS-CoV-2 tem quatro grupos principais de proteínas estruturais: a proteína S, ou proteína "Spike", é a mais conhecida. Mas também tem um nucleocapsídeo ou proteína N, uma membrana ou proteína M e um envelope ou proteína E. Pode ser possível criar vacinas que indiquem uma resposta imunológica a alguns ou mesmo a todos eles.
Duas técnicas tradicionais de fabricação de vacinas expõem o corpo a todas essas proteínas porque usam o próprio vírus. Em um método, um vírus vivo é “atenuado” ou enfraquecido, crescendo de uma forma que torna difícil para o vírus se reproduzir rapidamente.
Em outro, o vírus é “inativado” ou morto por meio de um tratamento químico e, em seguida, administrado inteiro ou, às vezes, dividido em pedaços. Isso é potencialmente mais seguro do que dar a alguém uma vacina de vírus vivo, que tem o péssimo hábito de evoluir novamente para patógenos perigosos.
Ninguém está pensando em fazer uma vacina viva contra a SARS-CoV-2, mas várias empresas estão trabalhando em vacinas inativadas. A vacina da empresa chinesa Sinovac usa o vírus inativado e já foi dada a centenas de milhares de pessoas na China e em lugares como o próprio Brasil.
A empresa afirma que é eficaz contra a variante sul-africana, mas não publicou os dados para apoiar essa afirmação. Enquanto isso, os ensaios clínicos da vacina Sinovac no Brasil demonstraram que ela é 100% eficaz na prevenção de doenças graves, mas pode ser apenas um pouco mais de 50% na prevenção de doenças muito leves.
Vacinas multivalentes
A empresa francesa Valneva, por sua vez, está trabalhando em uma vacina inativada usando todo o vírus que pode ter vantagens sobre as já aprovadas, disse Thomas Lingelbach, diretor executivo da empresa.
Por usar o vírus completo, a vacina Valneva permite que o sistema imunológico potencialmente forme uma resposta a todos os epítopos possíveis - um termo para as porções das proteínas do vírus que o sistema imunológico pode reconhecer.
Valneva também combina o vírus inativado com um adjuvante, uma substância química que aumenta a resposta imunológica do corpo. Além disso, a Valneva tem experiência na produção de vacinas multivalentes - aquelas que incorporam várias cepas de vírus em uma única injeção - e pode produzir uma para SARS-CoV-2 também.
Lingelbach chama os esforços de sua empresa de "terceira onda" de vacinas candidatas COVID-19. Ele acredita que eles poderiam ter uma versão multivalente da vacina Valneva autorizada (a primeira onda são aquelas vacinas já aprovadas e a segunda onda são aquelas atualmente em testes clínicos em humanos).
O governo do Reino Unido já encomendou 100 milhões de doses da vacina Valneva, algumas das quais serão produzidas nas instalações de fabricação da empresa na Escócia .
A busca pela vacina "universal"
Outra abordagem pode oferecer uma promessa de uma vacina universal contra um SARS-CoV-2. A ideia é encontrar epítopos que sejam capazes de desencadear uma forte resposta imunológica e que sejam essenciais para a reprodução do coronavírus. A ideia é que, se essas proteínas são essenciais para o ciclo de vida do vírus, o Cobid-19 não será capaz de escapar da vacina por meio de mutações bem-sucedidas.
Uma empresa que trabalha com essa abordagem, por exemplo, é a startup belga myNeo. Eles tentam prever quais epítopos de vírus desencadearão a resposta imunológica mais forte. Em seguida, procuram o subconjunto desses epítopos que são encontrados em todos os coronavírus, diz Cedric Bogaert, presidente-executivo da empresa.
Segundo ele. há certos epítopos que são os mesmos não apenas em todas as variantes do SARS-CoV-2, mas também nos coronavírus que causam SARS e MERS, bem como aqueles que infectam morcegos.
É a partir daí que os cientistas pensam que as cepas futuras podem não contagiar os humanos. Esses segmentos de proteínas comuns são o que os biólogos chamam de "bem conservados" e a especulação é que eles não mudam muito com o tempo porque sua função é de alguma forma essencial para a viabilidade do vírus.
De particular interesse é a proteína N da Covid-19, que é encontrada dentro do vírus, envolvida em seu RNA, o código genético do vírus. Acredita-se que a proteína N desempenhe um papel fundamental em ajudar o vírus a se replicar depois de infectar uma célula.
Porções da proteína N são muito semelhantes em todos os coronavírus. E existem anticorpos encontrados nas células humanas que podem reconhecer a proteína N. Ao contrário dos anticorpos que se prendem à proteína de pico, esses anticorpos não impedem que a célula seja infectada.
Contudo, quando encontram a proteína N dentro da célula, eles a quebram em pedaços, destruindo ela. As células T do corpo usam esses marcadores para identificar a célula como infectada e, por fim, impedindo a proliferação do vírus.
*As informações são da Fortune.
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